quarta-feira, 8 de julho de 2009

A Liberdade

Passamos tanto tempo a prender-nos que nos esquecemos que somos livres por natureza. Prendemo-nos a coisas, a ideias, a pessoas e prendemo-los a nós como se a nossa liberdade dependesse de estarmos presos. Precisamos da validação dos outros, do seu amor, do seu respeito e não aceitamos que com isso não nos validamos, não amamos nem nos respeitamos por nós. Sempre que libertamos estamos também a libertar-nos.
Durante toda a nossa infância passámos tempos a ler histórias de pássaros feridos que depois de curados um sábio pai ou avô liberta, e a criança sente-se traída e sozinha, porque também ela ficou livre. A metáfora do pássaro curado é esquecida com o tempo, e passamos a amar pela necessidade de estar presos, do nosso amor depender de dizer que nos amam e nos querem.

E se de repente nos libertarmos e deixarmos que livres nos voltem a encontrar. O risco está tão somente na liberdade que ganhamos, porque os nossos pássaros nunca foram nossos de verdades, mesmo presos e com a asa ferida eles eram livres, e ao reconhecer que eles têm que voar, deixamos que todos os dias de manhã nos venham dar os bons dias ao beiral da nossa janela. E quando um dia deixem de vir dar os bons dias foi porque livres seguiram o seu voo.A Liberdade é uma força atroz que nos carrega de energia, que nos afoga nas possibilidades que nos apresenta e na necessidade de correr o risco de ser livres. Se um dia voltaremos a encontrar o pássaro livre, deixa de ser uma questão, porque não dependemos dele. Encontrar o pássaro de novo é tão-somente reconhecer que livres nunca o perdemos e que na liberdade dele ele encontrou a nossa.

1 comentário:

Clai disse...

tu tás lá... gosto do que cospes ;)