terça-feira, 27 de outubro de 2009

Quotes

"Tás olhande? Mortes na bebem!"



Júlia Espírito Santo (Maria D'aires) in Mortinho por Chegar a Casa, 1996

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Títulos IX - Longos Dias Têm Cem Anos


“How Long is a Swatch Minute?”
O Tempo tem sempre a duração do tempo em que levamos a pensar nele.
Longos anos têm também cem dias. Uma vez, em criança, fechei os olhos e pensei que quando acordasse o tempo tinha passado como em um filme em que se adormece criança e se acorda adulto. Lembro-me só que foi num fim de tarde antes da minha avó chegar a casa e que quando abri os olhos o tempo ainda não tinha os seus cem anos e aqueles pareciam longos dias. Depois desse dia voltei a tentar marcar a minha vida com esse abrir e fechar de olhos, que nos metamorfoseia, mas nenhum dos momentos em que tentei repetir esse feito me marcou, talvez porque naquele dia o tempo tenha tido um significado que nunca voltou a ter, não sei.
O tempo, sim, dá tantos saltos que hoje ao olhar para mim naquele sofá-cama encostado à parede, sozinho, em casa, vejo-me Hoje a fechar os olhos e por momentos a voltar àquele dia. Pouco tempo depois a Swatch teve umas das melhores publicidades de que me lembro, afinal Quanto tempo dura mesmo um minuto? (pergunta livre) O passado, o presente e o futuro todos eles se condensam num único minuto, em que não tanto Todo o Mundo em Todas as Perspectivas (o olhar de Deus) como Jorge Luís Borges ofereceu às suas personagens mas, como no quadro de Edward Burnes-Jones, a nossa vida consegue-se sonhar, ainda que por breves momentos, em todos os seus longos dias que têm cem anos.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Título X - Eu Hei-de Amar uma Pedra

Numa época em tudo é possível de ser colocado em rankings, decidi criar o meu próprio rankings de títulos dados a obras literárias portuguesas. O que conta não é tanto a narrativa que segue o título, mas o título como "nome" da obra, como identidade independente desta que nos atrai e nos cativa por si só.


Em décimo lugar coloco Eu Hei-de Amar uma Pedra. Se o afastarmos da história de amor impossível que dura 50 anos, ficamos apenas com um desejo de amor. Amar uma pedra é ao mesmo tempo a impossibilidade de amar mais do que uma pedra e a possibilidade de amar tudo o que esteja para lá da pedra. Por outro lado, o deíctico mais não faz do que colocar-nos, a nós, nessa possibilidade. Também eu serei capaz de amar uma Pedra, ou no fim de contas não amei Eu sempre uma Pedra. Porque será a Pedra no meio do caminho do Drummond um obstáculo e não somente a finalidade daquele caminho. Se eu amar a Pedra que tem no meio do caminho talvez as minhas retinas fatigadas brilhem de novo. Não será o Suplício de Sísifo o seu amor por aquela Pedra. Talvez no dia em que a sua Pedra chegue ao topo, deixe de ser necessário lutar por esse amor.