segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Título X - Eu Hei-de Amar uma Pedra

Numa época em tudo é possível de ser colocado em rankings, decidi criar o meu próprio rankings de títulos dados a obras literárias portuguesas. O que conta não é tanto a narrativa que segue o título, mas o título como "nome" da obra, como identidade independente desta que nos atrai e nos cativa por si só.


Em décimo lugar coloco Eu Hei-de Amar uma Pedra. Se o afastarmos da história de amor impossível que dura 50 anos, ficamos apenas com um desejo de amor. Amar uma pedra é ao mesmo tempo a impossibilidade de amar mais do que uma pedra e a possibilidade de amar tudo o que esteja para lá da pedra. Por outro lado, o deíctico mais não faz do que colocar-nos, a nós, nessa possibilidade. Também eu serei capaz de amar uma Pedra, ou no fim de contas não amei Eu sempre uma Pedra. Porque será a Pedra no meio do caminho do Drummond um obstáculo e não somente a finalidade daquele caminho. Se eu amar a Pedra que tem no meio do caminho talvez as minhas retinas fatigadas brilhem de novo. Não será o Suplício de Sísifo o seu amor por aquela Pedra. Talvez no dia em que a sua Pedra chegue ao topo, deixe de ser necessário lutar por esse amor.

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